Para evitar a demissão de 25% dos funcionários, um grupo de trabalhadores brasileiros de uma fábrica de autopeças em Hiratsuka (província de Kanagawa) Japão, resolveu renegociar o contrato de trabalho com redução da jornada. “Passamos a ganhar menos, mas ninguém ficou na rua”, diz o líder de linha Leandro Kenji Okamoto, 29.
Desde o ano passado, ele vinha sendo pressionado pelos
diretores da fábrica a reduzir gastos com pessoal devido à queda brusca da produção. Na primeira negociação, em dezembro, ele propôs diminuir os dias de trabalho até março. Na renegociação do contrato do trimestre seguinte, acertaram o revezamento das jornadas semanais.
Até outubro, todos cumpriam jornada normal com até três horas extras por dia. A situação dos trabalhadores complicou-se no final do mês seguinte. “Quando peguei a lista de produção de novembro, fiquei pálido. Era menos de 10% do total que a gente produzia até o mês anterior”, lembra Okamoto. “Então, a fábrica pediu para escolher os nomes das pessoas que eu deveria cortar.”
No lugar das demissões, ele propôs a redução da jornada. “Fazer um contrato específico é mais complicado, porque você precisa administrar o horário de cada um, ver quem vai trabalhar ou não naquele dia. Mas é melhor assim do que mandar gente embora”, conta. Além de sábado, o grupo deixou de trabalhar nas sextas-feiras. “Todo mundo aceitou a proposta, porque tinha esperança de que a situação fosse melhorar em março”, lembra Elton Hoshihara, 28. Mas, passado o trimestre e com a produção ainda em baixa, a diretoria deu outro ultimato. “Ficou um pouco mais complicado”, conta Okamoto. Desta vez, os contratos foram renegociados com revezamento: os trabalhadores foram divididos em dois grupos, que, desde o início deste mês, trabalham semana sim, semana não.
Sem remessas para o Brasil Os trabalhadores acham que, mesmo com a situação delicada, vale a pena o sacrifício. Para se adaptar ao orçamento ainda mais curto, a maioria precisou eliminar gastos supérfluos e suspender remessas que vinha realizando mensalmente para o sustento de familiares no Brasil.
Hiroyuki Takassu, 28, diz que deixou de mandar dinheiro para a mãe e procura garantir um pouco de dinheiro para a filha de 3 anos, que está sob os cuidados da mãe da criança, em São Paulo. Há dois meses Alex de Souza Moraes, 23, também não envia dinheiro ao pai, que está em Santa Isabel (Pará).
Okamoto entretanto, ainda consegue ser otimista: “Já recebemos a lista de produção do mês de maio e, ao que tudo indica, nós voltaremos a trabalhar no ritmo de antes [da crise do final do ano]”.
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